Cachaças do Rio ganham carta especial com mapeamento e dicas de harmonização
- Deborah Jappelli
- 15 de jul. de 2014
- 2 min de leitura
(foto Pedro Ribeiro Fotografia 2013)
Antes relegada ao balcão dos pés-sujos, a caninha foi alçada ao posto de bebida fina e chegou aos salões nobres. Com processo de envelhecimento semelhante a de outros destilados consagrados, a nova musa dos bares já foi premiada em eventos internacionais. Subiu de preço, é verdade, mas sua receita mais famosa, a caipirinha, entrou no hall dos drinques mais importantes do século 21.
Para consagrar o estrelato da branquinha, foi lançada a Carta de Cachaças do Estado do Rio de Janeiro, um catálogo com 34 rótulos, de 19 produtores fluminenses, com explicações sobre o preparo da bebida, mapeamento inédito da produção artesanal e, quem diria, formas de harmonização com a comida. O trabalho será distribuído em mais de oito mil estabelecimentos e pretende elevar ainda mais a moral da “marvada”.
— Graças a Deus, o brasileiro despertou. Nem tudo que é de fora é melhor. A elite também está começando a beber. Já forneci para casamentos em que, em vez do uísque, serviram cachaça. Todos estão se rendendo — comemora Eduardo Melo, da Coqueiro, um dos rótulos mais antigos do Rio, produzido desde 1803 em Paraty.

Produtor da aguardente Magnífica, João Luiz de Faria quase desistiu dos negócios. Foi depois de um convite para conhecer a produção do uísque escocês — e ver o apoio do governo, de institutos de pesquisa e até de universidades ao processo — que ele resolveu voltar ao Brasil com a missão de profissionalizar a fabricação da cachaça nos alambiques do Rio e do país, no início da década de 90.
— Pensei: “No Brasil está tudo errado. Se a gente fizer alguma coisa parecida com o que eles fazem, a gente vai embora”. Voltei, comecei a participar de articulações e criamos o Programa Brasileiro de Desenvolvimento da Cachaça (PBDCA) - relembra Faria.
Com tanta pompa, ser um ‘cachaceiro’ não é mais motivo de vergonha. Consultor e apreciador da bebida, Manoel Agostinho decreta:
- Cachaça boa não dá ressaca. É a que você bebe e quer beber mais.

Cachaça e comida: uma combinação que dá certo
Autor dos textos da carta, Jairo Martins da Silva é um cachacista, especialista na bebida. A paixão pela bebida símbolo do país o fez elaborar também um estudo de harmonização entre a tradicional caninha e pratos que vão à mesa dos brasileiros.
As dicas para quem quiser experimentar são simples: basta estar atento e investir na qualidade dos rótulos.

- Recomendo que tenham em casa três cachaças: uma branca, para ser tomada pura e fazer drinques; uma envelhecida dois anos e uma acima de quatro anos. A branca é boa para a entrada, vai bem com um caldo de peixe, por exemplo. Para uma carne mais condimentada, você pode servir com a envelhecida dois anos. Já uma armazenada em amburana tem nota de canela, cai bem com a sobremesa. A mais velha é boa como digestivo, com o café. Agora é só aprender a fazer capirinha e receber seus amigos em casa!
Fonte: http://extra.globo.com/noticias/rio/cachacas-do-rio-ganham-carta-especial-com-mapeamento-dicas-de-harmonizacao-12672025.html#ixzz37aB17YoC
publicado 01/06/14 06:00
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